sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Mesmo com diferentes avaliações sobre o Fórum de Belém, participantes unificam calendário de lutas

Mesmo com diferentes avaliações sobre o Fórum de Belém, participantes unificam calendário de lutas

"...um fórum desse não consegue fazer nenhum tipo de protesto, não consegue fazer uma agenda? Então é um fórum que, do ponto de vista da estratégia e da mudança de correlação forças, não contribui." afirma dirigente do MST



Fonte: Agência Petroleira de Notícias, com informações da comissão organizadora do FSM-2009 e da Radioagência NP.

Os números do Fórum Social Mundial de Belém encerrado no domingo, 1º de fevereiro, enchem os olhos até dos mais céticos. Cerca de 150 mil participantes. Mais de 5.500 organizações envolvidas, sendo 489 da África, 119 da América Central, 155 da América do Norte, 4.193 da América do Sul, 334 da Ásia, 491 da Europa e 27 da Oceania. Foram mais de 2.300 atividades auto-gestadas. Ajudaram como voluntários, tradutores, técnicos e gestores 4.830 pessoas. Eventos culturais foram 200, envolvendo mais de mil artistas. O registro mundial foi garantido por 800 jornais de 30 países que se credenciaram no Fórum. A cobertura do FSM teve 4.500 jornalistas, profissionais da comunicação e mídia livres.

Para além dos dados quantitativos, o que fica do Fórum? Em que ele contribui efetivamente para a transformação da sociedade? Essas respostas não encontram consenso. O balanço do Fórum e a avaliação do papel que ele cumpre variam muito entre os participantes. Porém, mesmo com todas as diferenças reunidas em Belém, construiu-se um calendário de atividades unificado. A aprovação dessas atividades consensuais aconteceu na Assembléia das Assembléias, no palco principal da Universidade Federal Rural da Amazônia, durante a tarde do último dia do Fórum, o chamado Dia das Alianças. Confira abaixo o calendário aprovado:

8 de março - Dia dos Direitos da Mulher;
14 a 22 de março - mobilização e Fórum paralelo ao Fórum Mundial da Água de Istambul;
Começa em 28 março, em Londres, a semana de ação a nível do G20;
30 de março - Mobilização contra a guerra e a crise / Dia de Solidariedade com o povo palestino;
4 de abril - Dia de Ação no 60º aniversário da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN);
17 de abril - Dia Internacional para a Soberania Alimentar
1º de maio - Dia Internacional dos Trabalhadores
Julho - dias de Ação do G8 na Itália
12 de outubro - Dia Mundial de Ação para a Proteção da Mãe Terra, contra a mercantilização da vida.
12 de dezembro - Dia de Ação Global sobre a Justiça Climática em conferência de Copenhague, Dinamarca, sobre o clima.

FSM-2009: de avaliações empolgadas às mais duras críticas

A pluralidade dos participantes, as diferenças de expectativas e de posições ideológicas fazem com que sejam produzidos balanços completamente distintos sobre o Fórum Social. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que sempre teve participação ativa nesse espaço, publicou em sua página oficial uma declaração do dirigente de relações internacionais da organização, Egídio Brunetto, em que, embora este reconheça o FSM como um bom momento para encontros, considera que o potencial é desperdiçado porque não se encaminha mobilizações e uma agenda de massa:

“Com uma crise dessa, com a agressão que está acontecendo na Palestina, que é um genocídio cometido por Israel, com a invasão que continua no Iraque e no Afeganistão, com a situação do Haiti, do povo colombiano e um fórum desse não consegue fazer nenhum tipo de protesto, não consegue fazer uma agenda? Então é um fórum que, do ponto de vista da estratégia e da mudança de correlação forças, não contribui.”

Alguns setores fazem críticas muito mais pesadas. O paulista Dirceu Travesso, da Coordenação Nacional de Lutas, considera o Fórum uma ala à esquerda do capitalismo, em que se propõe mudanças de forma mas não de conteúdo. O secretário da executiva nacional da Conlutas avalia que não se questiona de fato o sistema capitalista:

“O Fórum é um retrocesso cada vez maior. A política predominante de manutenção do status quo se refletiu claramente no toque de recolher nas favelas, nas comunidades populares de Belém. Os estabelecimentos dessas áreas não podiam funcionar depois das 22 horas da noite. O controle na porta das universidades foi outro ponto. Só participava da FSM quem tivesse dinheiro para pagar a inscrição, o que não aconteceu nos anteriores. É a consolidação do fórum como uma atividade governista, em completa conjunção com o neoliberalismo. Cada vez mais se transforma num espaço de intercambio entre os setores do campo social-democrata. Turismo. Contudo, setores minoritários, que estão por fora da política hegemônica do fórum, realizaram atividades importantes. Fizemos uma plenária que discutiu uma plataforma comum de enfrentamento à crise. Traçamos um plano de lutas, um calendário, que culmina no fim do ano com uma plenária de formação de uma nova central sindical. Isso poderia ter sido feito fora do FSM.”

A Intersindical, outra corrente alternativa de central sindical formada por dissidentes da Central Única dos Trabalhadores e que também participa do processo pela formação de uma nova central, aponta problemas graves, mas julga o Fórum um espaço importantíssimo na agenda global.

“O FSM reuniu uma parte significativa da esquerda mundial. Apesar do considerável peso institucional e das dificuldades estruturais do local, houve uma participação protagonista dos movimentos sociais. Há começar pela Marcha de Abertura, reunindo 100 mil pessoas no meio da Amazônia, fortalecendo a causa indígena e a luta ecossocialista. Houve a Oficina sobre a Reorganização do Movimento Sindical, que apontou para a necessidade de construir um novo instrumento de luta da classe trabalhadora, o ato do MST com os presidentes Chavez, Evo, Lugo e Correa, no qual a presença de Lula foi vetada e a Carta da Assembléia dos Movimentos Sociais, cuja análise da realidade e agenda de luta aponta para uma posição anticapitalista. Portanto, com todas as suas contradições, o FSM 2009 teve um saldo político positivo, ganhando fôlego novo num contexto de crise global.” – comenta o bancário Vinicius Codeço, da Coordenação Nacional da Intersindical.

Campanha contra a privatização do petróleo em Belém

Mesmo filiado à CUT, o Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro, além de movimentar a campanha ‘O Petróleo tem que ser nosso’ em Belém, acompanhou as discussões sobre a re-organização dos trabalhadores brasileiros. Para Emanuel Cancella, coordenador geral do Sindipetro-RJ, a prioridade é organizar uma grande frente com entidades sindicais, movimentos sociais e populares para atuar de forma unitária nas lutas:

“O Fórum aconteceu num momento importante de crise mundial em que os trabalhadores sofrem a ameaça de desemprego em massa e perda de direitos. Para resistir a esse ataque dos capitalistas, os trabalhadores discutem a criação de uma nova central sindical com Conlutas, Intersindical e independentes. O Fórum ajudou nessa articulação” – o petroleiro segue destacando o bonito papel cumprido pela campanha do petróleo em Belém: “Panfletamos um jornal com textos em português, inglês, francês e espanhol, que fazia a retrospectiva das mobilizações contra a privatização do petróleo e gás em 2008. A aceitação foi ótima e distribuímos as 20 mil cópias produzidas. Participamos de vários debates e conseguimos aprofundar a discussão. Abrimos muitos contatos. Delegações internacionais e de diversos estados brasileiros, que antes nem sabiam da privatização do petróleo nacional, pegaram o material e se solidarizaram com a nossa luta. O saldo do Fórum é positivo para a luta contra a privatização do petróleo e gás.”

A luta pelo cancelamento dos leilões que entregam nossas áreas promissoras de petróleo e gás, por um novo marco regulatório para os hidrocarbonetos e pela re-estatização da Petrobrás, não foi a única frente de batalha em destaque na capital paraense. A socióloga Adriana Mota, da ONG Ipas Brasil, que trabalha pela saúde sexual e reprodutiva das mulheres, levantou outras bandeiras:

“A nona edição do Fórum Social Mundial mostrou que os movimentos sociais ainda têm muito fôlego para encabeçar a luta contra-hegemônica ao capitalismo. Foi um Fórum de muita diversidade, como sempre, mas que mostrou também um amadurecimento genuíno de alguns movimentos, como o da economia solidária. Não são apenas os mesmo “paninhos de prato” de sempre, trata-se de uma nova forma de compreender a produção e a distribuição de renda, claramente comprometida com o futuro das pessoas e do planeta. Como estávamos em Belém, estavam lá várias etnias indígenas, com muitas discussões importantes e inadiáveis, como a demarcação das terras indígenas no Brasil e a participação nos governos em diferentes países. Os 50 Anos da Revolução Cubana também foram um destaque. Na tenda de Cuba, foram abrigados os militantes da causa palestina, nada mais significativo e oportuno. Discussões polêmicas também aconteceram, com a presença importante dos presidentes Hugo Chavez, Evo Morales, Lula, Rafael Correa e Lugo. Um verdadeiro Fórum Social Mundial se faz com a presença destes dirigentes, a quem queremos escutar e cobrar, compartilhar anseios e responsabilidades.”

A luta pela democratização da comunicação também esteve presente no Fórum. Militante do movimento de rádios comunitárias no Distrito Federal, Marcelo Arruda, que esteve no Pará representando o Intervozes, Coletivo Brasil de Comunicação Social, apresenta uma denúncia e uma reflexão:

“Nas semanas anteriores ao Fórum Social Mundial, várias Rádios Comunitárias foram fechadas em Belém. Estes eram um dos poucos meios de comunicação que estavam transmitindo uma visão do evento que iam além do festivo-turístico. Em contraposição, foi anunciada a tão almejada convocação da 1ª Conferência Nacional das Comunicações. Este dois fatos, entre muitos, mostram como os desafios da vida real serão marcantes na luta pelo direito à comunicação. Mesmo dentro do Fórum, esta perspectiva entra em choque com uma realidade existente de verticalização, restrição e criminalização de uso dos meios, conseqüências do sistema comunicações existente no Brasil. Tivemos espaços de reflexão ricos neste sentido, espaços que não existem na dinâmica da luta concreta. Fora os espaços de comunicação compartilhada que mostravam na prática como se contrapor ao modelo da grande mídia. Os espaços de troca de experiência do FSM devem apontar à organização de uma nova realidade, onde se horizontaliza a possibilidade de uso da comunicação. Afinal, é na prática que se constrói o mundo que pensamos e queremos.”

Luta ambiental é destaque do Fórum em plena Amazônia

O diferencial desse fórum foi o debate ambiental. Não só pelas oficinas e discussões ecológicas, mas pela experiência concreta de um Fórum Social Mundial pensar e traçar estratégias de ação sobre o meio ambiente dentro da Amazônia. O engenheiro Paulo Piramba, da Rede Ecossocialista Internacional, traz essa reflexão junto com a consideração sobre o aparelhamento político do espaço:

“Acho que a melhor definição que ouvi sobre o que foi o FSM 2009, partiu de um companheiro que disse: 'Apesar de todo o esforço de se tentar institucionalizar o Fórum, ele não foi cooptado. O FSM é incooptável!'. Aliás, é cada vez mais complicado falar em um Fórum. Em Belém, tivemos pelo menos três: o Fórum institucionalizado, dominado pelo PT e o governo Lula; o Fórum "supermercado de idéias", com milhares de atividades de todos os tipos; e o Fórum anticapitalista. Para as esquerdas, o FSM voltou a ser um importante instrumento de sua reorganização na luta anticapitalista. Mas, de fato, a questão ambiental foi a mais importante no FSM, até pelo seu local de realização, na Amazônia. Apesar da tentativa do governo em tentar "esconder" a Amazônia do Fórum, existiu um amplo consenso em torno da importância da Amazônia para o planeta. Ficou clara a responsabilidade das madeireiras, agronegócio, mineradoras, pecuária e do governo, nos ataques desferidos contra a floresta. A Rede Ecossocialista Internacional também lançou no Fórum o II Manifesto Ecossocialista. Nele está a condenação do modo de produção capitalista, como responsável pela degradação ambiental, cuja face mais visível são as mudanças climáticas provocadas pelo aumento da concentração dos gases formadores do efeito estufa na atmosfera.”

A juventude esteve presente em peso. Do espaço destinado para acampamento aos auditórios onde ocorriam os debates, os jovens tomaram o Fórum. O carioca Kenzo Seto, de 18 anos e integrante do movimento estudantil secundarista, problematiza:

“A juventude do mundo inteiro é a maior vítima, seja na Faixa de Gaza ou nas favelas de Belém. No entanto, o papel de protagonismo da juventude na construção de um outro mundo possível e necessário, salvo o exemplo heróico da Grécia, não é sequer mencionado em muitos espaços de diálogo de lutadores presentes em Belém. O registro de nossa resistência na América Latina e no Brasil só foi garantido por nossas próprias intervenções, além da nossa auto-organização expressa pela Plenária Nacional em Defesa da Meia-entrada nos estabelecimentos culturais. Mesmo assim, saímos do Fórum enriquecidos pelo debate e organizados para que o próximo 28 de março seja não só a manifestação da aliança do movimento estudantil com os movimentos sociais, mas agora com todos os lutadores de outras nações, com uma agenda internacional unificada.”

No final da fala do Kenzo, ele aponta para organização de lutas iniciadas e fortalecidas ao longo dos seis dias do Fórum. Porém, nem sempre os participantes saem do FSM com esse norte de atuação continuada e conseqüente. Isso é o que preocupa o jornalista paraense Max Costa, ex-coordenador da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social:

“O Fórum não consegue avançar. Apenas alardeia que um outro mundo é possível, mas não aponta que mundo é possível. E isso pode levar esse espaço a um esgotamento, caso não sejamos ousados de afirmar um projeto de sociedade em que os trabalhadores possam tomar as rédeas da situação e governar de forma democrática, participativa e socialista. Muitas vezes, a coordenação do FSM transforma o evento numa mera festa, em que a juventude é incentivada ao lupenzinato. Mas apesar dessas críticas, aponto o Fórum como um espaço importante que mostra que é possível sonhar e lutar. O novo pode ser construído a partir do Fórum, caso tenha interesse nisso, enquanto que o velho, o atraso, o retrógrado está em Davos.”

Durante a coletiva de imprensa, após o fim do FSM, Cândido Grzybowski, um dos organizadores do Fórum, ignorou as críticas. Ele afirmou que Belém foi uma 'grande escolha' para a realização do evento. Grzybowski ressaltou a importância do evento ter acontecido na região amazônica e descartou qualquer cansaço após seis dias de muito trabalho: "Conseguimos expor uma outra face da Amazônia para o mundo e o nosso sentimento é de um bom cansaço cívico ao final desse FSM".

Balanço das autoridades comemora acréscimo de 40 milhões na economia paraense

Pelo menos para os organizadores, Prefeitura de Belém e Governo do Estado, o balanço é extremamente positivo. A governadora Ana Júlia Carepa destacou os reflexos positivos do Fórum na economia do Estado. Ela ressaltou que a Região Metropolitana de Belém recebeu um incremento de R$ 40 milhões, sendo R$ 18 milhões em hospedagem, R$ 16 milhões em gastos com alimentação e R$ 6 milhões para o setor de transporte. De acordo com a governadora, o Fórum de Belém se tornou o quarto maior entre os nove já realizados.

O próximo FSM, em 2010, não deverá ter uma sede específica. Já em 2011, a África e o Oriente Médio são os prováveis candidatos, mas os Estados Unidos também podem entrar na lista, segundo a organização do evento

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

‘A crise econômica, alimentar e a ecológica tem uma mesma raiz’ entrevista com Michael Löwy

“Há uma relação entre a crise econômica, a alimentar, a ecológica. Há uma convergência das crises, uma mesma raiz que é um modelo de civilização industrial, capitalista e ocidental em que vivemos”. A afirmação é do diretor de pesquisas emérito do Centro de Pesquisa da França, o franco-brasileiro Michael Löwy em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, 02-02-2009.



Eis a entrevista.




O Fórum Social Mundial se revitalizou?

Havia a ideia de que o Fórum tinha esgotado seu papel, estava em crise e não tinha mais o que dizer, que o movimento altermundialista [antiglobalização] já tinha acabado e era preciso passar para uma outra. Hoje em dia esse discurso acabou. Está muito clara a vitalidade extraordinária do processo do Fórum, sua capacidade de se reinventar e de avançar em ideias e propostas. Acho que o impacto do Fórum aumentou. Quem está em crise agora é o outro fórum, o de Davos. Seus dogmas foram por água abaixo. O que o Fórum Social Mundial sempre disse, que se precisa de outro mundo, se revelou verdadeiro.

A crise econômica roubou espaço do temas original desse FSM, a Amazônia?

Pelo contrário. Há uma relação entre a crise econômica, a alimentar, a ecológica. Há uma convergência das crises, uma mesma raiz que é um modelo de civilização industrial, capitalista e ocidental em que vivemos.

O FSM não devia propor uma saída?

O fórum é um movimento de protesto. Gente que se reúne para dizer "não", "não queremos o mundo em que tudo virou mercadoria", "não queremos um mundo dominado pelo capital". Há um "não!", e isso é muito importante, algo precioso e não deve ser minimizado. Mas insatisfação apenas não é suficiente. Há quem diga que o fórum só critica e não propõe nada. Não é verdade.

Um fórum que foge da interferência de governos traz cinco presidentes...

O fórum nunca negou a política, ela está presente. Não queremos é que o fórum seja aparelhado ou instrumentalizado por partidos políticos ou governos. Se a participação de presidentes e políticos acaba sendo o ponto alto, é a ponta visível do iceberg. Lá embaixo é muito maior.

A volta para a América Latina e o contato com suas esquerdas renova o fórum?

A América Latina é onde a tentativa de romper as amarras do neoliberalismo está indo mais longe. Nós temos não só movimentos sociais e forças políticas que colocam essa exigência, mas ao menos três experiências novas -Venezuela, Bolívia e Equador- de governos com grande apoio popular tentando buscar uma alternativa ao Liberalismo e colocando a necessidade de superar o sistema capitalista. Infelizmente não é o caso do Brasil.

O que faltou aqui?

O Brasil deveria ter estado na vanguarda desse processo, porque é o único que tem um grande partido dos trabalhadores e com um dirigente que foi um grande operário e dirigente sindical. É um governo melhor do que os anteriores, mas comparado ao que havia sido a trajetória e histórico do PT, é decepcionante.
Matéria Publicada pelo Boletim do