O Censo Agropecuário 2006 revelou que a concentração na distribuição de terras permaneceu praticamente inalterada nos últimos vinte anos, embora tenha diminuído em 2.360 municípios. Nos Censos Agropecuários de 1985, 1995 e 2006, os estabelecimentos com mais de 1.000 hectares ocupavam 43% da área total de estabelecimentos agropecuários no país, enquanto aqueles com menos de 10 hectares ocupavam, apenas, 2,7% da área total. Focalizando-se o número total de estabelecimentos, cerca de 47% tinham menos de 10 hectares, enquanto aqueles com mais de 1.000 hectares representavam em torno de 1% do total, nos censos analisados.
Em 2006, os cerca de 5,2 milhões de estabelecimentos agropecuários do país ocupavam 36,75% do território nacional e tinham como atividade mais comum a criação de bovinos. A área total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros diminuiu em 23,7 milhões de hectares (-6,69%), em relação ao Censo Agropecuário 1995, uma possível causa foi a criação de novas Unidades de Conservação Ambiental (crescimento de 19,09% de área) e demarcação de terras indígenas (crescimento de 128,2%), totalizando mais de 60 milhões de hectares. Entre 1995 e 2006, os estabelecimentos agropecuários registraram redução de suas áreas de florestas (-11%) e de pastagens naturais (-26,6%), e aumento nas áreas de pastagens plantadas de 1,7 milhão de hectares (1,8%), sobretudo na região Norte (39,7%), enquanto aquelas dedicadas à agricultura cresceram 19,4%, sendo que o maior aumento ocorreu no Centro-Oeste (63,9%).
A grande maioria dos produtores entrevistados eram analfabetos ou sabiam ler e escrever mas não tinham freqüentado a escola (39%), ou não possuíam o ensino fundamental completo (43%), totalizando mais de 80% de produtores rurais com baixa escolaridade. Trabalhavam em estabelecimentos agropecuários, 18,9% da população ocupada no país. 77% dos ocupados tinham laços de parentesco com o produtor e 35,7% não sabiam ler e escrever Havia mais de 1 milhão de crianças com menos de 14 anos de idade trabalhando na agropecuária.
Com crescimento de 88% na produção, a soja foi a cultura que mais se expandiu na última década, sendo que em 46,4% desses estabelecimentos optou-se por sementes transgênicas. Apenas 1,8% dos estabelecimentos agropecuários praticavam agricultura orgânica no país, sendo que 42,5% destes produtores ligavam-se a associações, sindicatos ou a cooperativas. 6,3% dos estabelecimentos declararam utilizar irrigação, o que representou um aumento de 39% em relação ao Censo anterior. Mais da metade dos estabelecimentos onde houve utilização de agrotóxicos não recebeu orientação técnica (785 mil ou 56,3%). Além disso, 15,7% dos produtores rurais responsáveis por estabelecimentos onde houve aplicação de agrotóxicos não sabem ler e escrever, o que potencializa o risco de intoxicação e uso inadequado do produto. O rebanho bovino brasileiro era de 171,6 milhões de cabeças em dezembro de 2006, sendo que Mato Grosso do Sul reunia 20,4 milhões de cabeças, enquanto Pará registrou maior crescimento (119,6%).
Os estabelecimentos pesquisados obtiveram um valor da produção total de R$ 147,26 bilhões, dos quais 77,07% (R$ 113,49 bilhões) provenientes da Produção Vegetal. 920 mil estabelecimentos obtiveram financiamentos; 91% destes receberam financiamento de bancos e 85% receberam de programas governamentais. Os estabelecimentos que têm como atividade principal a cana-de-açúcar ou a soja ficaram com a maior participação no valor da produção agropecuária (ambos 14%), seguidos por aqueles que se dedicam à criação de bovinos (10%). Esses são alguns dos resultados do 10º Censo Agropecuário - 2006, maior levantamento sobre a estrutura produtiva do setor primário brasileiro, que traz um perfil de aproximadamente 5,2 milhões de estabelecimentos, em todos os 5.564 municípios brasileiros.
Em 2006, o Censo Agropecuário apurou que os 5.175.489 estabelecimentos agropecuários1 ocupavam 329.941.393 hectares, o equivalente a 36,75% do território brasileiro (851.487.659 hectares)2. Em relação ao Censo de 1995, houve uma redução de 23.659.882 hectares na área total dos estabelecimentos agropecuários (-6,69%). Um dos motivos para isso pode ter sido a criação, contando a partir de 1995, de novas terras indígenas e unidades de conservação, as quais correspondem a um total de 60.630.859 hectares. As unidades de conservação representavam, em 2006, 8,47% do território nacional (ou 72.099.864 hectares), enquanto as terras indígenas ocupavam 14,74% do país (ou 125.545.870 ha), com crescimentos de, respectivamente, 128,20% e 19,09% em relação à 1995.
Criação de bovinos é atividade principal mais comum
Em 2006, a atividade principal3 dos estabelecimentos agropecuários era a criação de bovinos, identificada em mais de 30% deles. Em seguida, vinham o cultivo de outras lavouras temporárias (que inclui feijão e mandioca), em cerca de 18% dos estabelecimentos; o cultivo de cereais (12%) e a criação de aves (9%). Os estabelecimentos que têm como atividade principal a cana-de-açúcar ficaram com a maior participação no valor da produção agropecuária (14%), seguidos por aqueles que se dedicam prioritariamente ao cultivo de soja (14%), criação de bovinos (10%), cultivo de cereais (9%) e cultivo de outros produtos da lavoura temporária (8%). Os estabelecimentos especializados4 foram responsáveis por 81% do valor da produção agropecuária.
Diminuem áreas de florestas e de pastagens naturais em estabelecimentos agropecuários
Houve uma redução de 12,1 milhões de hectares (-11%) nas áreas com matas e florestas contidas em estabelecimentos agropecuários, assim distribuídos: menos 6,8 milhões de hectares na região Norte, concentrados em Rondônia (2,5 milhões de hectares) e Pará (4,1 milhões de hectares); redução de 2,5 milhões de hectares no Nordeste; de 331 mil hectares no Sudeste; e de 3,2 milhões de hectares no Centro-Oeste, concentrados em Mato Grosso (menos 4,3 milhões de hectares).
Também houve diminuição de 20,7 milhões de hectares (26,6%) nas áreas de pastagens naturais. O Norte teve redução de 3,7 milhões de hectares, concentrados em Tocantins (-2,9 milhões de hectares) e Roraima (-844 mil hectares); o Nordeste sofreu redução de 3,9 milhões de hectares, concentrados na Bahia (-2,7 milhões) e Maranhão (-692 mil); o Sudeste passou a ter menos 6,4 milhões de hectares, concentrados em Minas Gerais (-6,4 milhões); o Sul teve redução de 2,8 milhões de hectares concentrados no Rio Grande do Sul (-2,2 milhões); e o Centro-Oeste passou a ter menos 3,7 milhões de hectares, concentrados em Mato Grosso (-1,8 milhão) e Goiás (-2,0 milhões).
Pastagens plantadas expandem-se para o Norte, e lavoura aumenta mais no Centro-Oeste
Houve um pequeno aumento, de 1,7 milhão de hectares (1,8%), da área total de pastagens plantadas, porém ele não se deu por igual. A área cresceu 5,8 milhões de hectares (39,7%) na região Norte, sobretudo em Rondônia (1,9 milhão de hectares ou 75,8%) e no Pará (3,2 milhões de hectares ou 55,3%). Na região Nordeste, o aumento foi de 2,4 milhões de hectares (20,1%), concentrados no Maranhão (1,1 milhão de hectares ou 38,2%) e na Bahia (1,0 milhão de hectares ou 15,9%). Nas demais regiões, entretanto, verificou-se redução.
Em relação às áreas de lavouras, observou-se aumento em todas as regiões, com ganho total de 9,7 milhões de hectares (19,4%). No Norte, verificou-se mais 1,1 milhão de hectares, um aumento de 37,3%, com destaque para o Amazonas (560 mil hectares ou 184,2%). Na região Nordeste, o aumento foi de 725 mil hectares (5%), com os maiores incrementos no Maranhão (609 mil hectares ou 33,1%), Piauí (138 mil ou 11,4%), Pernambuco (223 mil ou 15,2%) e Bahia (347 mil hectares ou 7,2%). No Sudeste houve aumento de 1,5 milhão de hectares (cerca de 13%) nas áreas de lavoura, com destaque para Minas Gerais (aumento de 273 mil hectares ou 5,6%) e São Paulo (1,3 milhão de hectares ou 25,4%). Na região Sul, o aumento foi de 1,5 milhão de hectares (11,9%), concentrados no Paraná (979 mil hectares ou 17,9%) e Rio Grande do Sul (625 mil hectares ou 9,96%). Em ambas as regiões, o aumento verificado nas áreas de lavouras foi decorrente da migração das áreas de pastagens.
O Centro-Oeste registrou o maior aumento de áreas destinadas a lavouras: 4,7 milhões de hectares (63,9%), e todos os estados tiveram crescimentos importantes: Mato Grosso do Sul, 681 mil hectares (45,4%); Mato Grosso, 2,87 milhões de hectares (83,5%); Goiás, com 1,1 milhão de hectares (48,3%); e Distrito Federal, com aumento de 26 mil hectares (37,1%).
Censo Agropecuário 2006 revela que concentração de terras diminuiu em quase 50% dos municípios
Os resultados do Censo Agropecuário 2006 mostram que a estrutura agrária brasileira, caracterizada pela concentração de terras em grandes propriedades rurais não se alterou nos últimos vinte anos. A manutenção da desigualdade na distribuição de terras expressa-se na comparação das informações nos três últimos censos agropecuários: Na comparação entre 1985, 1995 e 2006, as propriedades com menos de 10 hectares ocupavam, apenas, 2,7% (7,8 milhões de hectares) da área total dos estabelecimentos rurais, enquanto os estabelecimentos com mais de 1.000 hectares concentravam mais de 43% (146,6 milhões de hectares) da área total em ambos os três censos agropecuários. Focalizando-se o número total de estabelecimentos, cerca de 47% tinham menos de 10 hectares, enquanto aqueles com mais de 1.000 hectares representavam em torno de 1% do total, nos censos analisados.
Também é a mesma, a estrutura das propriedades intermediárias (10 a menos de 100 hectares e de 100 a menos de 1.000 hectares). Enquanto os estabelecimentos de 10 a menos de 100 hectares concentravam, respectivamente, 37,2%, 39,4% e 38% da área total dos estabelecimentos agropecuários, nos censos agropecuários de 1985, 1995 e 2006, a participação destas propriedades quanto ao número total de estabelecimentos variou de 18,5% em 1985, para 17,7% em 1995 e, finalmente, 19% em 2006. No que se refere às propriedades de 100 a menos de 1.000 hectares, esta variação passou de cerca de 35%, em 1985 e 1995, para 34% em 2006; quanto à área ocupada, em relação ao total da área dos estabelecimentos, a variação foi de cerca de 9%, nos dois censos, para 8,2%, em 2006.
Quando se analisa a evolução do Índice de Gini, calculado a partir da área total do estabelecimento, segundo os municípios, observa-se que houve redução deste indicador em 2.360 municípios, porém, a estrutura agrária ainda reflete, em grande parte, os processos e formas que presidiram a ocupação diferenciada do território nacional.
Mais de 80% dos produtores agropecuários são analfabetos ou não concluíram ensino fundamental
O Censo Agropecuário 2006 revela o baixo nível de escolaridade dos produtores agropecuários. A grande maioria deles são analfabetos ou sabem ler e escrever, mas não têm nenhum estudo (39%) ou têm ensino fundamental incompleto (43%), totalizando mais de 80% dos produtores rurais. Entre as mulheres, que respondem por cerca de 13% dos estabelecimentos agropecuários, o analfabetismo chega a 45,7%, enquanto entre os homens, essa taxa é de 38,1%. As taxas para os outros níveis de ensino são: 8%, para ensino fundamental completo, 7% para técnico agrícola ou nível médio completos, e apenas 3% com nível superior.
As regiões Norte (38%) e Nordeste (58%) concentram os maiores percentuais de produtores analfabetos ou sem nenhum ano de estudo, enquanto Centro-Oeste (13%) e Sudeste (11%) têm os maiores percentuais de produtores com técnico agrícola ou ensino médio completo.
Declararam que têm atividade econômica fora do estabelecimento agropecuário 1.479.362 produtores (28,5% do total), sendo 46% em atividade agropecuária e 50% em atividade não agropecuária. O mesmo acontece com os moradores no estabelecimento com laços de parentesco com o produtor: 20% destes tiveram alguma atividade fora do estabelecimento, dos quais a maioria (61,6%) em atividades não agropecuárias.
Orientação técnica chega a apenas 22% dos estabelecimentos, e é mais comum nos médios e grandes
O Censo Agropecuário 2006 revela que a orientação técnica continua muito limitada, sendo praticada em 22% dos estabelecimentos, que ocupam 46% das terras. A área média do grupo que recebeu assistência é 228 hectares; enquanto a dos não assistidos é 42 hectares. A orientação técnica de origem governamental atinge 43% dos estabelecimentos assistidos e está mais voltada para os estabelecimentos menores, com área média de 64 hectares.
Em toda a região Norte e Nordeste, houve avanço em relação à orientação técnica de origem governamental, o mesmo ocorrendo em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal. Contrariamente ao ocorrido nestes estados, houve significativa redução de produtores que declararam receber orientação técnica nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Goiás, o que pode ser uma sinalização de declínio nos serviços de Extensão rural nestes Estados. Os estabelecimentos que têm orientação técnica particular ou do próprio produtor (quando este é um profissional qualificado) têm área média de 435 hectares. As empresas privadas de planejamento atendem a estabelecimentos com maior área média (506 hectares).
O nível de instrução da pessoa que dirige o estabelecimento tem uma forte relação com o recebimento de orientação técnica. Dos produtores com instrução igual ou inferior ao ensino médio incompleto, apenas 16,8% receberam assistência técnica, enquanto que para os produtores com ensino fundamental completo este percentual sobe para 31,7%. Para os produtores com nível superior, excetuando-se aqueles com formação em ciências agrárias e veterinária, a assistência técnica alcança 44,7% dos estabelecimentos.
Soja foi a cultura que mais cresceu (88%) nos últimos dez anos
A incorporação de grandes extensões de terras das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste pela agricultura bem como a intensificação da ocupação de terras no Sul e Sudeste são as mudanças principais nesta atividade, na comparação entre os últimos Censos Agropecuários. Destaque para as culturas de soja e algodão herbáceo no Mato Grosso, incluindo uma expansão em direção à Amazônia. Outro fenômeno foi a expansão de culturas comerciais no sudoeste de Goiás, Distrito Federal e do cerrado mineiro.
No período 1995/2006, a soja apresentou um aumento de 88,8% na produção, alcançando 40,7 milhões de toneladas, em 15,6 milhões de hectares, com um aumento de 69,3% na área colhida. Em termos absolutos, representa um aumento de 6,4 milhões de hectares, caracterizando a soja como a cultura que mais se expandiu na última década. Grande parte desta área pertence à região Centro-Oeste.
A cultura da soja, principal produto agrícola na pauta das exportações brasileiras, foi cultivada em 215.977 estabelecimentos, gerando R$ 17,1 bilhões para a economia brasileira. Segundo o Censo Agropecuário 2006, o Mato Grosso foi o maior produtor nacional de soja, com 10,7 milhões de toneladas, o que representou 26,2% da produção brasileira em 2006.
Com o objetivo de reduzir os custos de produção, os produtores optaram pelo cultivo da soja transgênica no Brasil: 46,4% dos estabelecimentos agropecuários que cultivaram soja em 2006 utilizaram sementes geneticamente modificadas, que foram cultivadas em cerca de 4,0 milhões de hectares. Também foi utilizada uma grande quantidade de semente certificada (44,6%) e, em 96,8% da área, a colheita foi realizada de forma totalmente mecanizada. Na maior parte das áreas cultivadas também foram feitos uso de agrotóxicos (95,1%) e adubação química (90,1%).
Algodão herbáceo tem maior aumento relativo de produção (188,6%)
Os 13.290 estabelecimentos que cultivaram o algodão herbáceo em 2006 produziram 2,4 milhões de toneladas, em 786.974 hectares colhidos, atingindo R$ 3,2 bilhões. O algodão herbáceo foi o produto que apresentou o maior aumento relativo de produção (188,6%).
O avanço tecnológico propiciou um acréscimo de 124,0% no rendimento médio das lavouras, e o Mato Grosso passou a ser o principal produtor nacional, com mais de 1,2 milhões de hectares, sendo responsável por mais da metade da produção nacional (52,4%). A fibra produzida no estado está entre uma das melhores do mundo.
O Oeste baiano também se transformou em um dos importantes pólos de produção de algodão herbáceo, tanto que em 2006 apresentou um rendimento médio 17,8% superior ao Mato Grosso. Neste ano, a produção baiana foi responsável por 27,2% da produção nacional.
Rendimento médio da produção de milho cresce 144,3%, nos últimos dez anos
Com o desenvolvimento de novas variedades híbridas que respondem melhor à adubação e são mais resistentes a pragas e doenças, o rendimento médio da produção de milho, que em 1985 foi de 1.476 kg/ha, atingiu 3.606 kg/ha em 2006, um crescimento de 144,3%. Em 2006, o milho foi cultivado em cerca de 2,0 milhões de estabelecimentos que produziram 42,3 milhões de toneladas em 11,7 milhões de hectares, alcançando R$ 11,4 bilhões.
Na última década, período em que o milho apresentou maior crescimento, a cultura teve grandes incrementos de produtividade (47,7%), bem superior à soja (11,5%). O aumento da produtividade, juntamente com o aumento de 12,2% na área colhida, proporcionou um crescimento de 65,7% na produção nacional de milho.
Colheita do arroz foi manual em 91,7% dos estabelecimentos
Em 2006, o arroz foi cultivado em 396.628 estabelecimentos agropecuários, que produziram 9,4 milhões de toneladas, um recorde nacional à época, gerando R$ 4,0 bilhões. Foram colhidos 2.409.587 hectares, sendo que destes, apenas 8,9% foram irrigados, porém sendo responsáveis por 71,2% da produção nacional. O crescimento da produtividade que a lavoura conseguiu na última década foi de 44,6%, compensando a redução da área colhida com a cultura, que foi de 18,8%. Em 91,7% dos estabelecimentos, a colheita foi realizada de forma manual.
O arroz irrigado se destaca na Região Sul, mais especificamente no Rio Grande do Sul, que em 2006 foi responsável por mais da metade da produção nacional. O arroz de sequeiro5 é cultivado em vários estados brasileiros, especialmente no Centro-Oeste, porém, a redução na área nos últimos anos tem diminuído a importância da cultura na Região.
Produção de cana-de-açúcar gera R$ 19,6 bi em 2006, o maior valor alcançado por uma cultura
A tecnologia dos motores bicombustíveis contribuiu para um crescimento de 47,9% na produção de cana-de-açúcar no período de 1995 a 2006, atingindo R$ 19,6 bilhões em 2006, o maior valor alcançado por uma cultura. A ampliação da capacidade de moagem e o surgimento de novas usinas provocaram um aumento na área colhida em 33,3%, provocando a valorização das terras em várias regiões do país.
Nos últimos anos, a colheita mecanizada vem crescendo e, em 2006, 13,6% da área foi colhida desta forma. Contudo, em 91,6% dos estabelecimentos que respondem por 46,6% da área colhida, a colheita ainda foi realizada de forma totalmente manual.
Área colhida do café reduz 6,9%, mas rendimento médio cresce 35,3% na última década
Em 2006, a produção de café em grão foi de 2,3 milhões de toneladas e atinge um crescimento de 26,0% em relação ao Censo 1995-96. A redução de 6,9% na área colhida foi compensada por um acréscimo de 35,3% no rendimento médio. As condições meteorológicas, em geral favoráveis desde a época da floração, no final de 2005, foram a principal responsável pelos bons resultados de 2006. O Brasil é o maior produtor mundial de café.
O valor da produção alcançou R$ 8,6 bilhões, sendo que deste total, 85,9% foi gerado pelo café arábica, que por ser considerado um produto de qualidade superior, geralmente é melhor remunerado. O café arábica é o mais difundido no Brasil, sendo cultivado em 200.859 estabelecimentos agropecuários, o que representa 70% dos estabelecimentos que produzem café no Brasil. A maior parte dos estabelecimentos que cultivam esta espécie está localizada em Minas Gerais (52,2%), sendo responsáveis por 65,0% da produção nacional de café arábica.
O café canephora foi cultivado em 85.984 estabelecimentos, que ocuparam 395.560 hectares, produzindo R$ 1,2 bilhões, para uma produção de 471.037 toneladas.A maior parte dos estabelecimentos que cultivam a espécie canephora está localizada no Espírito Santo (41,1%), sendo responsáveis por 59,7% da produção nacional. Rondônia também possui uma expressiva quantidade de estabelecimentos cultivando esta espécie de café (29.638), que produziram 66.832 toneladas em 136.214 hectares.
Produção de laranja e cacau cai e cultura de mandioca não apresenta ganho de produtividade
Entre os produtos em destaque, apenas a mandioca não apresentou ganhos de produtividade em relação ao Censo Agropecuário de 1995 (-20,4%), porém sua produção aumentou 76,9%, em função do aumento da área colhida. Já o cacau e a laranja foram os produtos que apresentaram redução na produção de 17,7% e 25,2%, respectivamente. A principal causa foi a redução nas áreas, que encolheram 24,1% e 37,0%, respectivamente.
Cerca de 70% dos estabelecimentos tinham produção animal em 2006
A pecuária foi a atividade econômica principal na maior parte dos estabelecimentos agropecuários pesquisados pelo censo, representando 44% do total de estabelecimentos estes com 62% de sua área total. Cerca de 70% dos estabelecimentos tinham produção animal, com valor da produção correspondendo a 21,2% da produção total.
Os dados do Censo Agropecuário 2006 refletiram as mudanças ocorridas no setor, a partir do fim dos anos 90, com a reestruturação da cadeia produtiva de carnes, a adoção de tecnologias e uma maior profissionalização que culminaram na liderança brasileira no mercado internacional de carnes de frango e bovina. O país se tornou o 4º maior exportador mundial de carne suína em 2006. A participação das exportações de carne bovina na produção nacional de carcaça passou de 1,2%, em 1996, para 17,8%, com aumento da exportação e a conquista de novos mercados, o mesmo para a carne suína e de frango.
Na última década, rebanho bovino cresce 12,1% e Pará registra maior aumento (119,6%)
O rebanho bovino brasileiro era de 171,6 milhões de cabeças em 31.12.2006; um crescimento de 12,1% em relação ao Censo Agropecuário de 1996, ressalvando-se que há uma diferença de datas de referência (em 1996, foi 31.07.1996). Havia 2.673.176 estabelecimentos com bovinos em 31.12.2006, sendo que foram contados 534.630 estabelecimentos que na referida data possuíam mais de 50 cabeças, totalizando 138,5 milhões destes animais (80,7% do rebanho total).O maior rebanho bovino encontrava-se em Mato Grosso do Sul (20,4 milhões de cabeças), seguido por Minas Gerais (19,9 milhões) e Mato Grosso (19,8 milhões).
O Pará foi o estado que apresentou o maior crescimento relativo do rebanho bovino no período 1996-2006 (119,6%), e o Rio Grande do Sul a maior redução (-15,4%). Na Região Norte, Amapá foi o único que apresentou redução do efetivo bovino e, no Nordeste, apenas do Maranhão e da Bahia não registram queda, onde estão os dois maiores rebanhos da Região. A média do Nordeste só foi positiva graças ao aumento de 44,3% no rebanho do Maranhão, que cresceu 1,7 milhão de cabeças nestes dez anos.
Os maiores aumentos dos efetivos bovinos entre os censos foram nas Regiões Norte (81,4%) e Centro-Oeste (13,3%). As reduções do número de estabelecimentos com bovinos e dos rebanhos do Sul e do Sudeste mostram que a bovinocultura deslocou-se do Sul para o Norte do país, destacando-se, no período, o crescimento dos rebanhos do Pará, Rondônia, Acre e Mato Grosso. Nestes três estados da região Norte, o rebanho mais que dobrou, enquanto que em Mato Grosso o aumento foi de 37,2%.
O crescimento do rebanho bovino nacional ocorreu simultaneamente com a redução da área de pastagens (-10,7%) dos estabelecimentos agropecuários, indicando um aumento de produtividade das pastagens. A taxa de lotação em 1996 era de 0,86 animais/ha e foi de 1,08 animais/ha em 2006, acentuando-se a tendência de aumento da taxa de lotação observada entre os censos.
Do efetivo de 138,5 milhões de animais em estabelecimentos com mais de 50 cabeças, a principal finalidade da criação é corte (80,9% ou 112,0 milhões de animais), seguida da finalidade leite (16,3% ou 22,6 milhões de cabeças). Os estabelecimentos agropecuários com pelo menos 500 hectares de pastagens detinham 46,2% do rebanho de 138,5 milhões de animais. O total de animais vendidos declarados pelos estabelecimentos agropecuários foi de 34,6 milhões de cabeças.
A produção de leite tem crescido continuamente desde 1970, e ultrapassou os 20 bilhões de litros em 2006, sendo 12,4% superior à produção obtida no censo 1995/96. Houve redução no total de vacas ordenhadas, o que significa um aumento de produtividade da pecuária leiteira em 22,1%, de 1.307 l/vaca/ano em 1995/96 para 1.596 l/vaca/ano em 2006. 1,35 milhões de estabelecimentos declararam produção de leite de vaca em 2006, sendo o principal produto da pecuária em valor da produção (R$ 8,818 bilhões). Minas Gerais foi o maior produtor nacional de leite, com 27,9% da produção total, superior à soma da produção das Regiões Nordeste e Centro-Oeste. A seguir, estão Rio Grande do Sul (a maior produtividade: 2.501 litros/vaca/ano), Paraná e Santa Catarina.
Volume de suínos vendidos aumenta 197% e efetivo de aves dobra entre os últimos censos
O efetivo nacional de suínos, que vinha declinando desde o Censo Agropecuário de 1980, cresceu 14,9% em relação ao Censo de 1996. Em 1996, o Brasil exportou 4,5% da produção de carcaça suína, e 21,1% em 2006. Em 2006, o efetivo de suínos foi ligeiramente superior (2,3%) ao de 1985, mas o volume de animais vendidos (43,2 milhões de cabeças) foi 197% superior ao de 1985 (14,5 milhões de cabeças). Isso graças ao investimento dos suinocultores em genética, manejo, nutrição e sanidade animal para aumentar a precocidade e produtividade, atendendo às demandas interna e externa.
Em dez anos, o efetivo de aves (galinhas, galos, frangos, frangas e pintos) dobrou de tamanho, ultrapassando a marca do bilhão de animais alojados na data de referência (31.12.2006). Apesar deste aumento no efetivo, a relação vendidos/efetivo em 2006 apresentou uma reversão da tendência de aumento observada desde o Censo de 1970. Esta queda da razão de vendas está relacionada com a descoberta de focos da gripe aviária na Ásia, Europa e em alguns países africanos em 2006.
A produção de ovos de galinha cresceu mais de um bilhão de dúzias em relação ao último censo, atingindo 2,83 bilhões de dúzias. Havia 2,71 milhões de estabelecimentos agropecuários com existência de galináceos, mas apenas 1,66 milhões declararam produção de ovos. Destes, 30.641 estabelecimentos possuíam mais de 2.000 cabeças e alojavam 1,31 milhões de cabeças em 31.12.2006.
Estabelecimentos agropecuários empregavam 18,9% dos trabalhadores do país
Em 31.12.2006, segundo o Censo Agropecuário 2006, havia 16.567.544 pessoas ocupadas nos estabelecimentos agropecuários (incluindo produtores, seus familiares e empregados temporários ou permanentes), que correspondiam a 18,9% da população ocupada no país, (87.628.961 pessoas, segundo a PNAD 2006). Daquele total, 30,5% eram de mulheres. Com a urbanização do país, o pessoal ocupado nesses estabelecimentos vem se reduzindo. Entre os dois últimos censos agropecuários, a redução foi mais acentuada entre 1985 e 1995 (-23,3%) do que entre 1995 e 2006 (-7,2%).
Cerca de 4,6 milhões dos trabalhadores em estabelecimentos agropecuários eram analfabetos
Analisando-se somente o pessoal com alguma relação de parentesco com o produtor, e de acordo com as declarações prestadas ao Censo Agropecuário de 2006, foram encontrados 4.564.384 de ocupados (ou 35,7%) nos estabelecimentos agropecuários que não sabiam ler e escrever. Do total de ocupados em estabelecimentos agropecuários, 6,5% (ou 1.076.890) tinham menos de 14 anos de idade.
Quase 12 milhões trabalharam temporariamente nos estabelecimentos agropecuários em 2006
Excluindo-se as pessoas que não foram contratadas diretamente pelo produtor (como no caso das empreiteiras), o Censo Agropecuário de 2006 encontrou 11.846.503 pessoas que trabalharam de modo temporário, até 180 dias no ano, sendo 3.844.459 com laço de parentesco com o produtor.
A atividade com mais trabalhadores temporários era a Pecuária e criação de outros animais (5,055 milhões). Produção de lavouras temporárias (4 milhões) e Produção de lavouras permanentes (1,9 milhão) vinham a seguir e, ainda, Horticultura e floricultura (435, 9 mil), Produção florestal – florestas nativas (191 mil), Produção florestal – florestas plantadas (157,8 mil), Aqüicultura (52,8 mil), Pesca (11,8 mil) e Produção de sementes, mudas e outras formas de propagação vegetal (10,8 mil).
Nos pequenos estabelecimentos estão quase 85% dos trabalhadores
Embora a soma de suas áreas represente apenas 30,31% do total, os pequenos estabelecimentos responderam por 84,36% das pessoas ocupadas em estabelecimentos agropecuários. Mesmo que cada um deles gere poucos postos de trabalho, os pequenos estabelecimentos (área inferior a 200 ha) utilizam 12,6 vezes mais trabalhadores por hectare que os médios (área entre 200 e inferior a 2.000 ha) e 45,6 vezes mais que os grandes estabelecimentos (área superior a 2.000 ha).
Produtores e seus parentes representavam 77% (ou 12.801.179) do total de ocupados nos estabelecimentos agropecuários. Por serem mais numerosos, os estabelecimentos que têm a pecuária como atividade principal utilizam mais gente, ainda que não sejam os mais extensivos em mão de obra.
Lavouras permanentes empregavam 110 pessoas por cada mil hectares em 2006
Considerando a relação de pessoas ocupadas por área, apenas os estabelecimentos cuja atividade era floresta plantada (26,6 pessoas ocupadas/1000 hectare) tinham valor inferior à pecuária (27,3 po/1000 hectare). As lavouras permanentes tinham a maior proporção (110 po/1000 hectare). Em um nível mais detalhado, a soja (18,1 po/1000 hectare ) e o café (162,0 po/1000 hectare) estavam nos extremos inferior e superior, respectivamente.
Apenas 1,8% dos estabelecimentos agropecuários praticavam agricultura orgânica
Os estabelecimentos produtores de orgânicos representavam 1,8% (ou 90.425) do total de estabelecimentos agropecuários. Dedicavam-se, principalmente, à pecuária e criação de outros animais (41,7%), às lavouras temporárias (33,5%), à lavoura permanente (10,4%), à horticultura/floricultura (9,9%) e à produção florestal (3,8%).
O Censo Agropecuário 2006 investigou, pela primeira vez, a agricultura orgânica. O estabelecimento deveria informar se a praticava e se sua produção era certificada.6 Não foram consideradas orgânicas as práticas agrícolas que, apesar de não utilizarem agroquímicos, não foram identificados como tal pelo produtor ou, ainda, se este desconhecia as normas técnicas exigidas pelas instituições certificadoras.
Orgânicos predominam na horticultura e fruticultura
A proporção de estabelecimentos produtores de orgânicos no total de estabelecimentos no Brasil mostrou que a representatividade de orgânicos é maior na horticultura/ floricultura.
Em 2006, entre os agricultores dedicados à agricultura orgânica no Brasil, 77,3% eram proprietários das terras exploradas, 41,6% possuíam ensino fundamental incompleto e 22,3% eram analfabetos. Daquele total, 54% não participava de qualquer organização social e, entre os que o faziam, 36,6% ligavam-se a associações e sindicatos, e apenas 5,9% a cooperativas.
920 mil estabelecimentos obtiveram financiamentos, 91% destes receberam financiamento de bancos e 85% receberam de programas governamentais
Dos 5,2 milhões de estabelecimentos agropecuários, 4,3 milhões não obtiveram financiamento em 2006. A falta de necessidade (51,92%), o medo de contrair dívidas (20,65%) e o empecilho da burocracia (8,36%) foram os principais motivos declarados. Destes, 3,63 milhões (85,42%) tem área total inferior a 100 hectares. O total de recursos obtidos em forma de financiamento em 2006, foi de 21 bilhões de reais. Os estabelecimentos com 1.000 ou mais hectares captaram 43,6% dos recursos, mesmo representando apenas 0,9% do total de estabelecimentos que obtiveram financiamentos. Aqueles com até 100 hectares representaram 88,5% dos que obtiveram financiamento em 2006, captando 30,42% dos recursos. Já os estabelecimentos de porte médio (entre 100 e 1000 hectares) representam 7,72% dos que obtiveram financiamento, captando 25,69% desses recursos.
Os estabelecimentos pesquisados declararam R$ 20,96 bilhões em investimentos. 26,06% disseram ter investido em Bens Imóveis, 20,06% em Máquinas, implementos ou tratores (ligados à mecanização rural) e 15,19% em terras adquiridas. O segmento que mais investiu foi o dos estabelecimentos pequenos (R$ 7,77 bilhões), seguido pelos grandes (R$ 7,32 bilhões) e médios (R$ 5,85 bilhões). São Paulo foi a Unidade da Federação com mais investimentos, R$ 3,70 bilhões. Por último estava o Amapá, com 650 milhões.
Dos estabelecimentos que receberam financiamento, 85% tiveram como uma das fontes algum programa governamental –com 57,6% dos recursos. Destes estabelecimentos, 80% receberam recursos do PRONAF, responsável por 32,07% dos recursos financiados no ano. No total, 65,75% (R$ 8,15 bilhões) dos recursos de financiamento vieram de outros programas (Federal, Estadual ou Municipal). Declararam ter recebido tais recursos 19,73% dos estabelecimentos.
Daqueles que declararam ter recebido financiamento, 91% apontaram os bancos como uma das fontes de recursos. Eles representam 78,3% do total de recursos. Dos produtores que declararam ter obtido financiamento, 79,7% eram proprietários das terras – eles captaram 86,07% dos recursos. Os arrendatários eram 4,89% dos produtores que obtiveram financiamento (10,31% dos recursos).
Metade dos estabelecimentos que obtiveram financiamento (492.628) declararam ter como finalidade o custeio. A finalidade “Investimento” aparece em segundo lugar, com 40,15% (395.425). Já a manutenção do estabelecimento foi declarada por 8,75% dos estabelecimentos.
Produção agropecuária somou R$ 147 bilhões em 2006
Os estabelecimentos pesquisados obtiveram um Valor da Produção Total de R$ 147,26 bilhões, dos quais 77,07% (R$ 113,49 bilhões) oriundos da Produção Vegetal. Na produção vegetal, 64,61% (R$ 73,32 bilhões) foram obtidos pelas culturas de Lavoura Temporária, 22,25% pelas de Lavoura Permanente, 7,55% pela Silvicultura, 3,85% pela Horticultura, 1,18% pela Extração Vegetal e 0,56% pela Floricultura.
Já o valor na Produção Animal ficou concentrada nas atividades ligadas aos Animais de Grande Porte, responsável por 44,71% (R$ 13,64 bilhões) da Produção Animal Total. Em seguida, aparece a produção de Aves, com 34,56% (R$ 10,54 bilhões). Os animais de médio porte e os pequenos animais obtiveram 17,01% e 3,72%, respectivamente.
Em 2006, a receita somou R$ 122,63 bilhões. Os pequenos (área inferior a 100 hectares) geraram 47,13% deste total (R$ 57,79 bilhões), acima dos 25,49% (R$ 31,25 bilhões) dos médios e 26,62% dos Grandes (R$ 32,64 bilhões). Quando a variável em questão é a despesa, que somou R$ 111,29 bilhões no ano, há inversão: os grandes (área superior a 1.000 hectares) responderam por 38,29% (R$ 42,61 bilhões), os médios por 33,97% (R$ 37,81 bilhões) e os pequenos por 27,43% (R$ 30,52 bilhões).
A conta “Receitas Totais menos Despesas Totais” não pode ser realizada para indicar a lucratividade dos estabelecimentos grandes e médios, pois grande parte da Receita se relaciona ao Plantio da Safra de 2006 e a despesa é feita para o plantio a ser colhido na safra seguinte. Já o grupo dos pequenos, com despesas menos afetadas pela conjuntura (câmbio, preços das comodities, etc), é formado por estabelecimentos onde os gastos de um ano ao outro tendem a ser mais estáveis, e apresentaram diferença de R$ 27,27 bilhões entre receitas e despesas.
Dos produtores recenseados, 2.044.976 declararam ter receita externa às atividades do estabelecimento. Deles, 47,73% receberam recursos de aposentadorias e pensões, 34,91% receitas provenientes de programas especiais do Governo e 31,66% salários obtidos em atividade fora do estabelecimento. Dos que receberam receita oriunda de programas especiais do Governo, 74,79% são produtores cujos estabelecimentos se localizam no Nordeste. Nesta região também viviam 50,49% (492 mil) dos que declararam ter tido receitas oriundas de Aposentadorias ou Pensões. Eles captaram 45,27% dos recursos (R$ 2,62 bilhões).
68% dos estabelecimentos têm energia elétrica, aumento de mais de 80% no período 1995/1996-2006
Em 1996, dos 4,85 milhões de estabelecimentos agropecuários brasileiros, 39% informaram possuir energia elétrica originada de pelo menos uma modalidade (gerada no estabelecimento, obtida por cessão ou comprada de distribuidora). Em 2006, mesmo com incremento de 6,5% no número de estabelecimentos (5,17 milhões), 68,1% deles (3,52 milhões) atestaram possuir energia elétrica obtida de pelo menos uma modalidade.
O maior crescimento de utilização (41,6 pontos percentuais) ocorreu no Nordeste, onde a energia elétrica chegou a 1,5 milhão de estabelecimentos rurais (61,5% do total da região). O Norte vem em seguida, com incremento de 27,4 pontos percentuais em relação a 1996, onde a energia elétrica chegou a 38% dos estabelecimentos. As unidades que dispõem de energia elétrica no Centro-Oeste são 73,1% do total, e seu crescimento percentual em relação a 1995-96 ficou em 21,2 pontos percentuais. Já as Regiões Sudeste e Sul apresentaram incrementos de 20,5 e 10,3 pontos percentuais, culminando em 82,3% e 84% a proporção de uso de energia elétrica nos estabelecimentos agropecuários.
A energia elétrica comprada de distribuidora está presente em 3,25 milhões de estabelecimentos (92,4% do total com energia); em 7,7% há energia elétrica obtida por cessão e em 2,1% a energia elétrica é gerada na propriedade. A região Nordeste destaca-se em relação ao conjunto de estabelecimentos que praticam a geração de energia elétrica na propriedade: seus 32mil estabelecimentos correspondem a 43,3% do total. A geração de energia no próprio estabelecimento agropecuário ocorria através de captação de luz solar, pelo vento, por movimentação hidráulica, por queima de combustíveis, ou mesmo por outras fontes, e era mais praticada no Norte: 159 para 1.000 registros de energia obtida de fonte externa. No Centro-Oeste, 30 ocorrências em 1.000, e no Nordeste, pouco mais de 21,6 ocorrências para cada 1000. Quanto à modalidade de geração de energia no estabelecimento, a preferência era pela obtenção através da captação de luz solar, que ocorria em 42,7% dos estabelecimentos rurais brasileiros dotados desta facilidade. Seguem-se a queima de combustíveis (40,6%) e a obtida por ação hídrica (em 9,4% dos estabelecimentos geradores). A geração de energia elétrica através de captação do vento está presente em 273 estabelecimentos agropecuários brasileiros, destacando-se a Região Nordeste (60,4% das unidades geradoras).
Mecanização avança através da terceirização
Em 31 de dezembro de 2006, 530 mil estabelecimentos (10,2% do total) tinham tratores, num total de 820 mil unidades. Em relação a 1995-1996, houve incremento de 20 mil unidades, 2,6%. O aparente pequeno aumento na realidade é explicado pela substituição de tratores de menor potência (menos de 100 cv) por tratores de maior potência: em 1995-1996, 674 mil tratores (84,3% do total) eram de menos de 100 cv. Em 2006; a categoria de 100 cv e mais somou 250 mil unidades, aumento de 99,4% nesta categoria.
Do 1,56 milhão de estabelecimentos que declarou utilizar força mecânica, apenas 59,6% usavam força de procedência própria. Do total, 30,9% (484 mil) declararam usar força mecânica de serviço contratado com o operador; 5,3% cedida por terceiros, 6% cedida por governos, 4,7% cedida por empreiteiros, 4,1% de uso comunitário e 3,4% advinda de aluguel. Os números indicam o incremento da terceirização na mecanização da agropecuária, e que apenas o total de tratores existentes nos estabelecimentos não pode ser usado para explicar os avanços da mecanização rural.
Irrigação: aumento de 39% no número de estabelecimentos que utilizam e 42% na área irrigada
Quanto ao uso de irrigação, 6,3% dos estabelecimentos declararam utilizar esta técnica, acusando um aumento de 39% no número de estabelecimentos agropecuários praticantes, em relação ao Censo anterior, apontando um aumento de 1,3 milhão de hectares (42%).A área irrigada compreendia 4,45 milhões de ha (7,4% da área total em lavouras temporárias e permanentes), com a seguinte distribuição: 24% da área irrigada no método de inundação, 5,7% por sulcos, 18% sob pivô central, 35% em outros métodos de aspersão, 7,3% com métodos localizados e 8,3% com outros métodos ou molhação. Minas Gerais era o estado com maior número de estabelecimentos (48,39 mil) utilizando alguma técnica de irrigação, enquanto o Amapá aparecia em último, com 251 estabelecimentos. Quanto à fonte da água, 74,8% declararam utilizar fontes do próprio estabelecimento (69,5% da área total irrigada); 15,5% declararam utilizar fontes de fora do estabelecimento bombeada com equipamento próprio (28,4% da área) e 7,1% obtida de terceiros através de projetos particulares ou comunitários de irrigação (6,3% da área).
Mais da metade dos estabelecimentos onde houve utilização de agrotóxicos não recebeu orientação técnica
Os estabelecimentos dirigidos há 10 anos ou mais pelo mesmo produtor (3,16 milhão ou 61,1%) são os que mais utilizam agrotóxicos (922 mil ou 66,1%). E à medida que aumenta o número de anos que o produtor dirige o estabelecimento, aumenta também o número de estabelecimentos que usam agrotóxicos.
Há também pouca rotação de culturas entre os estabelecimentos (641 mil ou 12,4%), principalmente se considerarmos que mais da metade deles não recebem assistência técnica para a aplicação desta prática (351 mil ou 54,9%). Práticas alternativas, como controle biológico (67 mil ou 1,3%), queima de resíduos agrícolas e de restos de cultura (45 mil ou 0,9%), uso de repelentes, caldas, iscas, etc. (405 mil ou 7,8%), que poderiam gerar redução no uso de agrotóxicos, também são pouco utilizadas.
A maioria dos estabelecimentos onde houve utilização de agrotóxicos não recebeu orientação técnica (785 mil ou 56,3%), e apenas 21,1% (294 mil) a receberam regularmente. Na correlação entre os estabelecimentos que usaram agrotóxicos e o total de estabelecimentos de acordo com a origem da orientação técnica, o destaque é para as empresas integradoras (127 mil ou 83,1%), que se caracterizam pelo emprego de tecnologias e insumos conceituados como modernos, entre estes os agrotóxicos. O estado com maior número de estabelecimentos que utilizavam agrotóxicos era o Rio Grande do Sul (273,85 mil). Já o Amapá tinha apenas 235 estabelecimentos utilizando agrotóxicos.
É significativo o número de estabelecimentos que recebem orientação técnica das cooperativas e usam agrotóxicos (172 mil ou 76,7%). Considerando-se a condição do produtor em relação às terras, os estabelecimentos dirigidos por proprietários predominam (1,07 milhão ou 78,4%) utilizando principalmente o pulverizador costal (745 mil ou 69,1%) e o equipamento de tração mecânica e/ou animal (322 mil ou 29,9%).
O pulverizador costal, que é o equipamento de aplicação que apresenta maior potencial de exposição aos agrotóxicos, destaca-se também, em relação aos estabelecimentos que utilizam agrotóxicos, correspondendo à maioria deles (973 mil ou 70,7%). Quanto ao destino das embalagens vazias, embora haja um número ainda considerável de estabelecimentos que deixam-nas no campo (126 mil ou 9,0%), há aquelas que são queimadas ou enterradas em 358 mil estabelecimentos (25,7%).
Em cerca de 20% das propriedades que aplicaram agrotóxicos não se utilizava equipamento de proteção
Ganhou dimensão o programa de recolhimento de embalagens vazias, gerenciado pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev). Dos estabelecimentos, 538 mil (38,6%) devolviam as embalagens vazias aos comerciantes. Outro reflexo do programa pode ser verificado nos 10,3% de estabelecimentos (143 mil) cujas embalagens eram recolhidas pela prefeitura ou órgãos públicos, ou entregue à central de coleta de embalagens; ou nos 13,3% (185 mil) que depositavam-nas no estabelecimento para serem retiradas. Cerca de 296 mil estabelecimentos (21,3%) não utilizaram nenhum equipamento de proteção individual (EPI). Estabelecimentos que declararam a utilização de Bota (947.651 ou 67,9%) e chapéu (740.488 ou 53,0%) corresponderam à maioria.
Nos estabelecimentos onde houve aplicação de agrotóxicos, 77,6% dos responsáveis (1,06 milhão) pela direção declararam ter ensino fundamental incompleto (1° grau) ou nível de instrução menor. Como as orientações de uso de agrotóxicos que acompanham estes produtos são de difícil entendimento, o baixo nível de escolaridade, incluindo os 15,7% que não sabem ler e escrever (216 mil) está entre os fatores socioeconômicos que potencializam o risco de intoxicação.
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1 Foram registradas, na fase de varredura, 5.219.588 unidades, porém os resultados se referem a 5.175.489 registros válidos; os demais 44.015 (0,84%) foram excluídos devido a recusas de informações por parte do produtor ou, em sua maioria, em razão de registros indevidos (unidades que não se caracterizavam como estabelecimento agropecuário).
2 Na divulgação preliminar do Censo Agropecuário, em dezembro de 2007, foi apresentado o valor de 354.865.534 hectares como área total dos estabelecimentos, sendo que, desse total, 30.709.039 hectares estavam contidos parte em terras indígenas e parte em unidades de conservação. Após as apurações e análises, constataram-se registros indevidos de áreas das unidades de conservação e de terras indígenas como estabelecimentos agropecuários, restando do número inicialmente divulgado o total de 8.433.064 hectares de área de estabelecimentos contidos nestes recortes territoriais, uma redução de 22.255.975 hectares.
3 O Censo não incluiu um quesito que investigasse a atividade principal por meio de pergunta direta ao produtor. Ela foi obtida pela análise das informações sobre a composição da produção e valor de produção informadas.
4 Uma vez estabelecida a atividade principal do estabelecimento agropecuário, ele foi considerado especializado caso o valor de produção do quadro correspondente à sua atividade principal representasse 66% ou mais de seu valor total de produção, considerando a soma do valor da produção animal, da produção vegetal e do valor agregado da agroindústria rural.
5 Arroz de sequeiro é o cultivado sem a utilização de irrigação.
6 A certificação orgânica é um processo de fiscalização das propriedades agrícolas que, pela Lei 10831 de 23/12/2003, é feito por instituições certificadoras ou associações e cooperativas cadastradas no Órgão Colegiado Nacional / MAPA.
Comunicação Social
30 de setembro de 2009
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
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