sábado, 22 de novembro de 2008

Rio de Janeiro recebe o Brasil Rural Contemporâneo


AGRICULTURA FAMILIAR


A X Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul (Reaf) e a V Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária acontecerão entre os dias 22 e 30 de novembro. Reaf reunirá cerca de 300 representantes de Brasil, Argentina, Bolívia, Venezuela, Paraguai, Uruguai e Chile. Cerca de 10 mil produtos da agricultura familiar e dos assentamentos de reforma agrária estarão reunidos na feira.

Maurício Thuswohl

RIO DE JANEIRO – Após quatro anos consecutivos de bem-sucedida realização em Brasília, a Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária está prestes a chegar ao Rio de Janeiro. De 26 a 30 de novembro, cerca de dez mil produtos oriundos da agricultura familiar e dos assentamentos da reforma agrária de todo o país estarão expostos em uma área de 25 mil metros quadrados na bela Marina da Glória. Aos pés do Pão-de-Açúcar, os produtos alimentares, de vestuário e de artesanato serão apresentados ao público em 464 estandes organizados por cooperativas, comunidades, territórios rurais e estados.

O universo da agricultura familiar, no entanto, já estará presente entre os cariocas a partir de sábado (22), quando terá início a X Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul (Reaf). Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o evento, que se estenderá até o dia 27 de novembro, reunirá no Hotel Guanabara, em pleno coração da cidade, cerca de duzentos representantes da sociedade civil, além de cem representantes dos governos de Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Bolívia e Venezuela.

A Reaf é realizada a cada seis meses com o objetivo de discutir e formular recomendações acerca de políticas, ações e projetos relacionados à agricultura familiar. Suas deliberações são encaminhadas ao Grupo Mercado Comum (GMC) e ao Conselho Mercado Comum e, caso sejam aprovadas, passam a ser implementadas no âmbito do Mercosul. Na reunião do Rio, o principal objetivo será a criação do Fundo da Agricultura Familiar do Mercosul (FAF Mercosul), que estará aberto à participação dos estados-membros e tem como objetivo financiar programas e projetos de incentivo à agricultura familiar do Mercosul.

Segundo o MDA, a contribuição anual de cada país para constituir o FAF Mercosul será composta por uma contribuição básica de US$ 15 mil, além de uma contribuição mínima de US$ 300 mil. Esta contribuição anual, de acordo com o ministério, será determinada conforme as seguintes porcentagens, estabelecidas com base na média histórica do PIB do Mercosul: Brasil (70%), Argentina (27%), Uruguai (2%) e Paraguai (1%).

Outro destaque da Reaf no Rio de Janeiro será a realização do Curso de Formação de Jovens Rurais que, até o dia 25 de novembro, reunirá cerca de 40 jovens brasileiros, argentinos, chilenos e uruguaios, todos integrantes de alguma organização representativa dos agricultores familiares em seus países. Segundo o MDA, o objetivo do curso é ser um espaço de diálogo político entre os jovens e de integração da propostas oriundas dos diversos países.

Na opinião do consultor da Assessoria Internacional e de Promoção Comercial do MDA, Francesco Pierri, a participação de jovens produtores rurais é a garantia do desenvolvimento de boas políticas para a agricultura familiar no futuro: “A melhor forma de criar esse debate é partindo dos jovens. Eles é que permanecerão no campo e são eles que demandam, neste momento, políticas públicas específicas. Por isso, acredito que temos que qualificar, organizar e tornar permanentes ocasiões como as proporcionadas nesse encontro”, diz.

Durante o Curso de Formação de Jovens Rurais, acontecerão três seminários, que irão discutir os impactos das mudanças climáticas sobre a agricultura familiar, o uso da terra por estrangeiros e a questão da segurança alimentar. O curso deverá também definir diretrizes para a busca pela igualdade de gênero nas políticas públicas voltadas para a agricultura familiar.

Ministro de Allende

A abertura oficial da Reaf, que acontecerá somente no dia 26 de novembro, será coordenada pelo ministro do Desenvolvimento Agrário do Brasil, Guilherme Cassel, e também terá a presença de Carlos Cheppi (secretário de Agricultura da Argentina), Ernesto Agazzi (ministro da Agricultura e Pecuária do Uruguai), Henry Moriya (vice-ministro da Agricultura e Pecuária do Paraguai), Gerardo Rojas (vice-ministro de Desenvolvimento Rural Integral do Ministério do Poder Popular para a Agricultura e Terras da Venezuela), Hernan Rojas Olavarria (diretor do Instituto Nacional de Desenvolvimento Agropecuário do Governo do Chile) e Alberto Alderete (diretor do Instituto Nacional de Desenvolvimento Rural e de Terras do Paraguai).

Também participarão da Reaf o gerente de Operações na América Latina e Caribe do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), Paolo Silveri, e o consultor de Desenvolvimento Rural Territorial da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Rodrigo Castañeda. O ex-ministro da Agricultura do Chile no governo de Salvador Allende e ex-diretor do Instituto de Altos Estudos da América Latina da Universidade de Paris, Jacques Chonchol, fará uma palestra acerca dos efeitos da globalização sobre a agricultura de subsistência e o trabalho assalariado no campo.

Uma história de sucesso

Em sua quinta edição, a Feira Nacional da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária espera repetir no Rio de Janeiro o sucesso obtido em Brasília. Nas quatro edições realizadas na capital federal, a Feira reuniu 1.798 empreendimentos agroindustriais e artesanais, que foram responsáveis pela movimentação de R$ 40 milhões e proporcionaram, nas Rodadas de Negócios, acordos entre 290 empreendimentos da agricultura familiar e 164 compradores, entre redes de supermercados, hotéis e restaurantes. Em quatro anos, cerca de 335 mil pessoas já visitaram os estandes ou participaram dos espetáculos e apresentações culturais promovidos durante a Feira.

Com o tema Brasil Rural Contemporâneo, a V Feira Nacional da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária será dividida em estandes individuais e coletivos, distribuídos em cinco ambientes que reproduzem estilos e características das regiões Centro-Oeste, Norte, Nordeste, Sudeste e Sul. A Feira contará também com cinco ilhas temáticas, compostas por estandes coletivos que vão reunir de oito a 20 expositores. As ilhas são formadas pelas praças dos Orgânicos, da Biodiversidade, do Artesanato, da Cachaça e do Biodiesel. São espaços, segundo o MDA, “onde o visitante poderá ver, degustar e comprar direto de quem produz produtos de qualidade”.


Matéria publicada pela Agência Carta Maior:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15392&boletim_id=493&componente_id=8640

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