sábado, 3 de setembro de 2011

A dimensão ético-educativa e o projeto político-pedagógico dos movimentos Sociais

A Universidade Estadual de Maringá vive um momento de reflexão! 

O Movimento Estudantil tem um papel importante na melhoria da qualidade da educação que passa necessariamente pelo exercício permanente de um "controle da gestão pública", onde a democracia na universidade é a base para a melhoria das condições de trabalho e da qualidade do ensino público em benefício de toda a sociedade.
 
A motivação inicial das manifestações estudantis pode até ser específica e objetiva como: falta de verbas, o preço do xérox, a falta de funcionários, por um cardápio adequado  e melhores condições de trabalho no RU, a casa do estudante, e outros itens “sindicais” que não devem ser descartados na luta.
Porém, no que se refere à qualidade, os estudantes devem ter uma dimensão da demanda por financiamento e custeio da educação sim mas não descuidar da necessidade de lutar por uma gestão participativa e democrática, interferindo e rediscutindo um rumo para a construção de uma universidade efetivamente pública para todos,  perseguindo um desenvolvimento ético e humano para a nossa sociedade!
 
A Universidade é mais do que um formador de "profissionais de luxo" para " alimentar" o crescimento do mercado capitalista. A Questão é discutir o papel da universidade no contexto do desenvolvimento social e cultural e a promoção das comunidades regionais e locais dentro do contexto global!
O Movimento Estudantil deve estar preparado e deve reivindicar se comprometer com a tomada de decisão sobre os recursos da sociedade, pelo controle dos investimentos, que devem proporcionar uma educação gratuita e funcional.  Há muito tempo se descobriu que os papéis do movimento estudantil e dos demais movimentos sociais extrapolam a visão reivindicatória, terão que evoluir para comprometer-se com a gestão democrática efetiva.

“Não é possível apontar apenas os problemas e referir-se a eles como responsabilidade da má vontade ou da (in) competência dos gestores ou como reflexo de uma sociedade capitalista, serão necessárias ações mais propositivas e responsáveis” .

Até agora, o sistema capitalista, com suas políticas injustas de restos de privatização e comercialização do ensino não garantem o financiamento adequado à educação.  A lógica do sistema levará inexoravelmente a educação para a lógica do lucro e não para trazer benefícios a todos.  A educação, na forma como está organizada, apenas para a formação do pesquisador ou profissional tem por base apenas as exigências do “deus” mercado.

Organizar o trabalho pedagógico não é uma tarefa fácil para o movimento estudantil e é algo abrangente, requer uma formação de boa qualidade além de exigir da gestão um trabalho coletivo que busque incessantemente a autonomia, liberdade, emancipação e a participação na construção do projeto político-pedagógico. Requer trabalho e paciência!

Na gestão democrática, o gestor precisará saber como trabalhar os conflitos e desencontros, deverá ter competência para buscar novas alternativas e que as mesmas atendam aos interesses da comunidade universitária, deverá compreender que a qualidade do ensino dependerá da participação ativa de todos os membros, respeitando individualidade de cada um e buscando nos conhecimentos individuais novas fontes de enriquecer o trabalho coletivo.

A educação é o objeto principal da universidade publica, ela é um instrumento primordial que viabiliza a prática da gestão democrática, pois seu papel é dirimir a filosofia, o pensamento, o comportamento e as relações humanas que os alunos necessitam para viver numa sociedade, pois dessa forma estarão aptos a construir uma visão sólida e crítica da realidade educativa, buscando alternativas coletivas para os problemas no âmbito social e comunitário.

A extensão universitária é um espaço da construção de tecnologias sociais e que têm levantado outras demandas do movimento.  Por exemplo, temos o programa Universidade Sem Fronteiras, que iniciou como um projeto da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Paraná no objetivo de unir recém-formados em diversas áreas nas universidades do Estado e da comunidade para aumentar a qualidade de vida da população e capacitar agentes sociais e culturais na atuação direta nos assentamentos humanos e comunidades menos favorecidas.

O Atual governo Beto Richa do PSDB não garantiu e não cumpre a lei que transformou – ao final de 2010 - o programa sem fronteiras num programa de Estado, estabelece 10 milhões para o programa em 2011. O Programa de Extensão Universitária Universidade Sem Fronteiras reúne os seguintes subprogramas: Apoio às Licenciaturas, Incubadora dos Direitos Sociais, Apoio à Agricultura Familiar, Apoio à Pecuária Leiteira, Apoio à Efetividade dos Direitos, e Mobilidade Estudantil. No entanto, as verbas do programa foram reduzidas e contingenciadas.
No entanto, não percebemos na pauta do Movimento Estudantil da UEM a manutenção e ampliação do programa que é uma conquista dos trabalhadores do Paraná e que está ameaçado! Sugerimos a sua imediata inclusão na pauta!

“A Manutenção e ampliação do programa Universidade Sem Fronteiras é, sem dúvida, uma ausência grave da pauta de reivindicações do movimento estudantil.”
 Ao assumir esse papel de gestor, o movimento estudantil deve necessariamente buscar a articulação dos diferentes atores em torno de uma educação de qualidade, o que implica uma liderança democrática, capaz de interagir com todos os segmentos da comunidade universitária.

A liderança do gestor-estudante requer uma formação pedagógica crítica e autônoma dos ideais neoliberais. Nesse sentido, o objetivo é construir uma verdadeira educação com sensibilidade e também para que se possa obter o máximo de contribuição e participação dos membros da comunidade.
A organização do trabalho pedagógico é uma estratégia educacional para democratizar o processo ensino-aprendizagem e é de suma relevância para um gestor (entendendo os estudantes como parte da gestão) programar novas formas de administrar em que a comunicação e o diálogo estejam inseridos na prática pedagógica do corpo docente e do corpo de gestão da instituição. Cabe ao gestor-estudante assumir a liderança deste processo com competência técnica e política. Aliado aos demais movimentos sociais e à administração da Universidade!

Além disso, somente um governo dos trabalhadores e pessoas honestas com um programa socialista e política de propriedade pública do comando da economia sob o controle e gestão democráticos da população podem reposicionar a educação na sociedade, através do investimento maciço de recursos e proporcionar uma educação gratuita de qualidade em todos os níveis e para todos.

A vitória do Movimento Estudantil está em sua capacidade de diálogo e na continuidade do processo de mobilização participativa, aumentando a consciência da sua base sobre o papel que o estudante exerce sobre a sua comunidade e na condução da sua própria vida!

Agora é hora de uma consolidação da luta!  Pela construção de ações comuns na comunidade universitária - com iniciativas permanentes de discussão e debate. 


Pela construção do:
FÓRUM PERMANENTE DE NEGOCIAÇÕES E DE LUTA POR UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA GRATUÍTA E DE QUALIDADE - " Viva o Movimento Estudantil!
“Nas ruas, nas praças, quem disse que sumiu”? Aqui está presente o movimento estudantil!

Vamos Avançar na Luta”!
Edson Pilatti

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