quinta-feira, 22 de maio de 2008

Pequenas usinas têm potencial gigantesco


Entre as diversas fontes de energia renovável, as pequenas centrais hidrelétricas, ou simplesmente PCHs, foram destaque quarta-feira (21/5), no Fórum Global de Energias. Apesar de diminutas, as PCHs apresentam vantagens inversamente proporcionais ao seu tamanho. Essas usinas foram tema da mesa-redonda intitulada “Pequenas hidrelétricas – Potenciais e oportunidades”, que reuniu especialistas de várias partes do mundo e foi moderada pelo diretor técnico-executivo da Itaipu, Antonio Otélo Cardoso.

O debate foi marcado pela convergência de opiniões e pelo intercâmbio de experiências. Estiveram presentes Mentor Poveda, representante da Organização Latino-Americana de Energia (Olade); Firmino Mucavele, diretor executivo da Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (Nepad); Arun Kumar, diretor do Centro de Alternativas em Hidroenergia da Índia; Tong Jiandong, diretor geral da Rede Internacional de Pequenas Centrais Hidrelétricas, da China; e Geraldo Lúcio Tiago Filho, secretário executivo do Centro Nacional de Referências em Pequenas Centrais Hidrelétricas (CERPCH).

Vantagens e exemplos

Todos concordaram que o papel das PCHs é complementar ao das grandes usinas, e sobre as vantagens dessa fonte de energia. Entre elas, a constatação de que, como operam a “fio d’água” (não precisam de reservatórios e são geralmente construídas em pequenos rios), apresentam ainda enorme potencial de exploração em todo o planeta. E mais: a construção pode acontecer em pouco tempo e com menor impacto ambiental; por não exigir equipamentos muito complexos, aproveitam a mão-de-obra e tecnologia local; e, principalmente, descentralizam a produção o que facilita a distribuição de energia em locais mais afastados. Entre os problemas a superar, estão as dificuldades de financiamento e a eficiência prejudicada pela variação no volume de água (em função dos pequenos ou ausentes reservatórios).

Os exemplos encantaram a platéia. Poveda fez um panorama geral da hidroeletricidade nos 16 países da Olade e apresentou modelos bem sucedidos de PCHs instaladas em comunidades totalmente isoladas, nos Andes, onde a energia dificilmente chegaria por meio de uma grande usina. Entre eles, a micro-hidrelétrica de San Antonio de Lípez, na Bolívia, que gera 25 KW e beneficia uma pequena comunidade indígena formada por 62 famílias.

Da mesma forma, Kumar e Jiandong falaram da prática indiana e chinesa, respectivamente, enquanto Mucavele (na foto à direita) ressaltou a expectativa de difundir as PCHs na África. O continente enfrenta o problema de ter o crescimento energético inferior à taxa de natalidade. Apesar do baixo consumo per capita, dispõe de recursos naturais adequados à profusão dessa fonte.

Crescimento

No mundo, as definições para caracterizar uma PCH variam muito. No Brasil, considera-se pequena hidrelétrica aquela com capacidade instalada de 1 a 30 MW e com área de reservatório menor que 3 quilômetros quadrados. Em uma escala de produção muito menor, o funcionamento básico de uma PCH é semelhante ao de uma grande usina: a água gira as pás de uma turbina conectada a geradores que produzem energia. “Apesar de ser um dos diretores da maior usina hidrelétrica do mundo, para mim é uma honra poder participar de uma discussão sobre as PCHs, pois o Brasil está entre os dez países com maior capacidade instalada nesse tipo de fonte”, disse Cardoso durante o debate. De fato, somente no Brasil há centenas de PCHs operando. E a expectativa é de crescimento rápido. Segundo o CERPCH, em fase de elaboração existem 220 projetos no País; já em análise, 268; e aprovados, esperando somente o início das obras, 247.



Fonte Itaipu Binacional

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