sexta-feira, 9 de maio de 2008

Trabalhadores do campo e da cidade, academia e governos se unem para impulsionar a economia solidária e a agroenergia na agricultura familiar

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O Seminário Economia Solidária, Soberania Alimentar e Agroenergia ocorreu no dia 8 de maio, no teatro Marista, em Maringá/PR, com o objetivo de apresentar um projeto de produção agroenergética em arranjos produtivos autogestionários, pelos princípios da economia solidária e da agroecologia.

A proposta buscou a viabilização econômica e social da agricultura familiar para a construção de um modelo de produção agroenergética e de alimentos, alternativo à monocultura, fortalecendo uma nova economia, com a valorização do trabalho, do meio ambiente e da organização autogestionária.

Na solenidade de abertura, Edson Pilatti, da Fundação Unitrabalho, leu a carta de princípios do seminário, segundo a qual, o evento marcou o início de um plano de ação para o desenvolvimento sustentável da agroenergia no Noroeste e Centro-Norte do Paraná. O documento salientou a produção de alimentos como prioritária e a soberania alimentar e energética como direito do povo.

O presidente do Sindicado dos Engenheiros do Paraná (Senge), Ulisses Kaniack, disse que a missão do Senge não é apenas defender a categoria, mas desenvolver atividades de integração com a sociedade e, por isso, compramos essa briga. Para ele, fala-se muito em bioenergia e biocombustível na mídia, mas o enfoque é para agronegócio, monoculturas. "O importante é que se tenha a iniciativa para os pequenos agricultores e que devemos pensar em aproveitar os recursos naturais sem destruir o meio ambiente; pensar em energia rumo a um mundo melhor", concluiu.


Olhar atento

O diretor nacional da Unitrabalho, Francisco Mazzeu, ressaltou que as universidades têm um papel importante para desempenhar na sociedade e que a rede Unitrabalho permite um diálogo com os trabalhadores. Falou que está com olhar atento ao que ocorre no Paraná, porque pode estar aqui o modelo novo para o Brasil. Já o coordenador da Região Metropolitana de Maringá, João Ivo Caleffi, disse que este é um momento único para construção de alternativa para os trabalhadores, que é preciso acreditar na força de organização do povo e trazer o poder público perto dos excluídos, de quem mais precisa.

Para o coordenador regional do MST/Maringá, João Flávio Borba, o seminário foi importante para eles e para a soberania energética e soberania no campo. Lembrou que, com organização, formação e luta, é possível construir um projeto de classe dos trabalhadores e lutar pela soberania dos alimentos e soberania energética. Paul Singer, secretário nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego, falou de sua emoção de estar presente no evento que reflete o momento histórico em que o mundo vive uma crise de alimentos e também uma crise energética, sem mencionar os limites da destruição da natureza. Singer, que proferiu palestra sobre a Importância da Economia Solidária para a Organização Coletiva dos Pequenos Produtores Rurais da Agricultura Familiar, alertou que ou o mundo muda de rumo agora ou não teremos mundo.

Crise alimentar
O diretor geral da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Herlon de Almeida, destacou que, mais que falar em crise alimentar ou energética, o momento é de oportunidade de inserir o campesinato na matriz energética. Aproveitou a ocasião para convidar os presentes para participar de um evento no dia 27 deste mês, na Seab, no qual, o Iapar apresenta resultados de cinco anos de zoneamento climático para culturas com potencial para o Estado com matriz agroenergética. Roberto Terra, do Programa da Região Sul de Biocombustível do Ministério de Desenvolvimento Agrário, falou sobre a importância da iniciativa da Unitrabalho, da UEM e do Senge e também do apoio do ministério ao evento. Ênio Verri, secretário de Planejamento do Paraná, relatou que a América Latina optou por novo tipo de sociedade e que os movimentos sociais são importantes para promover mudanças na sociedade.




Estratégias integradas

Wânia Rezende destacou ainda que a UEM, entre as melhores universidades do Brasil, aproxima-se da sociedade e não pode deixar de trabalhar questões da atualidade que estão entrelaçadas com questões anteriores, como as questões ligadas a terra. Para ela, o evento é um espaço para se propor estratégias integradas para resolver questões da terra e agrárias.

O seminário foi promovido pela Fundação Unitrabalho, Núcleo local da Unitrabalho, pela UEM e pelo Senge/PR. De manhã, houve apresentação e troca de experiência da organização autogestionária dos trabalhadores no campo e na cidade (Copavi, Bioleite, Coana, Rede Briobrasil e CTMC). João Pedro Stédille, do MST, falou sobre a Agroenergia e o Agronegócio – o modelo de desenvolvimento e a soberania alimentar. Houve também um debate sobre as políticas governamentais de incentivo às agroenergias com soberania alimentar.

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