Segundo ela, em um momento em que o país está na agenda internacional por conta das críticas ao avanço da agricultura para a produção de etanol, "a indicação de que o Brasil vai fragilizar as regras ambientais vai ser muito percebida".
"Marina Silva dava um selo de qualidade ao governo. Com a sua saída, o governo perde este selo", disse. "Não quer dizer que não haja mais qualidade. Mas a pergunta vai estar lá."
"Momentaneamente, vai aumentar muito a expectativa", afirmou Ana Cristina Barros.
A representante da The Nature Conservancy afirmou que Marina Silva tinha "um pulso muito forte" e, em sua gestão de mais de seis anos à frente da pasta de Meio Ambiente, deu um rumo "muito preciso" à questão ambiental no Brasil.
"Esperamos que não haja mudança (de rumo)", disse.
WWF
O WWF-Brasil (Fundo Mundial para Natureza) lamentou a saída de Marina Silva do ministério.
"Trata-se de uma clara demonstração de que a área ambiental não tem espaço no atual governo", afirmou Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.
Segundo Hamú, a saída da ministra gera uma grande insegurança em relação ao futuro.
"Ela tentou, em vão, construir uma política transversal de desenvolvimento sustentável, que envolvesse todos os ministérios e não apenas o Ministério do Meio Ambiente", disse.
Para a secretária-geral do WWF-Brasil, a saída de Marina Silva poderá ter repercussões no exterior.
"O pedido de demissão de Marina Silva terá uma repercussão muito negativa para o Brasil no exterior. O único lado positivo é que ganharemos de volta uma excelente senadora", afirmou Hamú.
Fonte BBC Brasil.com
Saída de ministra afeta imagem do Brasil | ||||
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Na opinião do professor da London School of Economics (LSE) Anthony Hall, a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente afeta a imagem que o mundo tem do Brasil no que diz respeito às questões ambientais.
"Eu acho que sua saída vai ser interpretada como um enfraquecimento da preocupação do governo com o meio ambiente e com a conservação da floresta", afirmou Hall em entrevista à BBC Brasil.
"Não sei se é verdade, mas será visto assim", afirmou Hall, especialista em desenvolvimento sustentável e pesquisador de questões ligadas à floresta amazônica há mais de 20 anos.
Segundo Hall, devido a fatores como sua origem pobre, sua atuação no movimento de seringueiros e sua condição de ex-analfabeta, Marina Silva simbolizava progresso social e também a importância dada pelo governo à questão do meio ambiente.
"Sua nomeação para o ministério foi um golpe de mestre do presidente (Luiz Inácio) Lula (da Silva)", disse Hall.
Imagem
"Será muito difícil substituí-la. Encontrar alguém que simbolize esses valores", afirmou Hall.
Segundo o professor da LSE, a ministra também tinha um papel importante ao dar "um certo grau de uniformidade" entre os objetivos do governo e das Organizações Não-Governamentais (ONGs).
Considerada um símbolo da luta pela conservação da floresta amazônica, Marina Silva tem uma imagem positiva no exterior.
Em janeiro deste ano, a ministra chegou a ser citada pelo jornal britânico The Guardian em uma lista das "50 pessoas que podem ajudar a salvar o planeta".
O jornal afirmava que, sob sua gestão no ministério, o desmatamento na Amazônia caiu 75% e vastas áreas de floresta foram destinados a comunidades indígenas.
Em uma reportagem de 2005, o jornal americano The New York Times afirmava que graças à liderança da ministra, "o Brasil está começando a impor sua autoridade em áreas da floresta onde não havia lei".
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